Intervenção de arquitetura para uma escola Guarani: processo de projeto e apropriação de ambientes educativos na Tekoa Itaty, SC
DOI:
https://doi.org/10.20435/inter.v21i3.2074Palavras-chave:
arquitetura e urbanismo, educação escolar indígena, ambientes escolares, lugares de aprendizagem, GuaraniResumo
Neste artigo, refletimos sobre intervenções arquitetônicas realizadas em comunidades indígenas e as consequentes alterações que podem surgir na organização socioespacial dos assentamentos. Analisamos a intervenção arquitetônica realizada para a Escola Itaty (Palhoça, SC) e as transformações espaciais desencadeadas na ocupação do território, identificando, ainda, como os modos próprios de educar dos Guarani revelam a apropriação pela comunidade e a expansão da educação escolar para outros lugares de aprendizagem. Como procedimentos metodológicos, recorremos a estratégias do método etnográfico, realizando observações, interlocuções, grupos focais, registro fotográfico, levantamento documental, entre outros, e embasando as análises em referenciais teóricos multidisciplinares.
Referências
ALTINI, E. et al. (Org.).manifesto sobre a educação escolar indígena no Brasil. Brasília: CIMI, 2014. Disponível em:https://cimi.org.br/wp-content/uploads/2017/11/Manifesto_EducacaoEscolarIndigena.pdf. Acesso em: 31 dez. 2014.
ANDRÉ, M. E. D. A. Etnografia da prática escolar. 18. ed. Campinas, SP: Papirus, 2012.
ANTUNES, E. Nhandereko nhanhembo'e nhembo' ea py. Sistema nacional de educação: um paradoxo do currículo diferenciado das escolas indígenas guarani da Grande Florianópolis. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica) - Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, 2015.
ATTANÉ, A.; LANGEWIESCHE, K. Reflexões metodológicas sobre os usos da fotografia na antropologia. Cadernos de Antropologia e Imagem, Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, p. 133-51, 2005.
BENITES, S. Nhe’ẽ, reko porã rã: nhemboea oexakarẽ. Fundamento da pessoa guarani, nosso bem-estar futuro (educação tradicional): o olhar distorcido da escola. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica) - Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015.
BERGAMASCHI, M. A. Indianizando a escola: movimentos de criação de práticas escolares diferenciadas nas aldeias Guarani e Kaingang. In: REUNIÃO DE ANTROPOLOGIA DO MERCOSUL, 7., 2007.Trabalho apresentado [...]. Porto Alegre: UFRGS, 2007.
BERGAMASCHI, M. A. Nhembo’e: enquanto o encanto permanece! Processos e práticas de escolarização nas aldeias Guarani. 2005. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.
BONDÍA, J. L. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação [on-line], Rio de Janeiro, n. 19, p. 20-8, jan./abr. 2002.
BORGES, L. C. Os Guarani Mbyá e a categoria tempo. Revista Tellus, Campo Grande, MS, ano 2, n. 2, p. 105-22, abr. 2002.
BRAND, A. J.; CALDERONI, V. A. M. O. Território e saberes tradicionais: articulações possíveis no espaço escolar indígena. Práxis Educativa (Brasil), Ponta Grossa, PR, v. 7, p. 133-53, dez. 2012. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=89425835007. Acesso em: 31 dez. 2014.
BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. Brasília: Inep, 2014.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Básica. Resolução n. 5, de 22 de junho de 2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=11074-rceb005-12-pdf&category_slug=junho-2012-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 25 jun. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Educação escolar indígena: diversidade sociocultural indígena ressignificando a escola. Brasília, DF, 2007. (Cadernos SECAD/MEC 3).
BRASIL. Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Básica. Resolução n. 3, de 10 de novembro de 1999. Fixa as Diretrizes Nacionais para o funcionamento das escolas indígenas e dá outras providências. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0399.pdf. Acesso em: 25 jun. 2020.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Centro Gráfico, 1988.
CARVALHO, B. M. Intervenções habitacionais em comunidades tradicionais: uma solução ou um problema? In: ENCONTROS NACIONAIS DA ANPUR, 15., 2013. Anais[...].Disponível em: http://anais.anpur.org.br/index.php/anaisenanpur/article/view/388. Acesso em: 25 jun. 2020.
ELALI, G.A. Psicologia e Arquitetura: em busca do locus interdisciplinar. Estudos de Psicologia,Natal, RN, v. 2,n. 2, p. 349-62, jul./dez., 1997.
FARIA FILHO, L. M. O espaço escolar como objeto da história da educação: algumas reflexões. Revista da Faculdade de Educação/USP, São Paulo, v. 24, n. 1, p. 141-59, jan./jun. 1998. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rfe/article/download/59619/62716. Acesso em: 10 jan. 2017.
FERRARA, L. D. Leitura sem palavras. São Paulo: Ática, 1997.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução Raquel Ramalhete. Petrópolis, RJ: Vozes, 1987.
FRAGO, A. V. Do espaço escolar e da escola como lugar: propostas e questões. In: FRAGO, A. V.; ESCOLANO, A. Currículo, espaço e subjetividade: a arquitetura como programa. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
FUÃO, F. F. As formas do acolhimento na arquitetura. In: FUÃO, F. F.; SOLIS, D. E. (Org.). Derrida e a arquitetura. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2014, p. 41-113.
GIFFORD, R. Environmental psychology: principles and practices. 2.ed.Boston: Allyn and Bacon, 1997.
GOERGEN, P. Espaço e tempo na escola: constatações e expectativas. In: FÓRUM PERMANENTE DE DESAFIOS DO MAGISTÉRIO, abr. 2005. Anais [...].Campinas, 2005.
GONDIM, S. M. G. Grupos focais como técnica de investigação qualitativa: desafios metodológicos. Paidéia, Ribeirão Preto, SP, v. 12, n. 24, p. 149-61, 2003.
GÜNTHER, H.; ELALI, G. A.; PINHEIRO, J. A abordagem multimétodos em Estudos Pessoa-Ambiente: características, definições e implicações. Brasília: LPA: Instituto de Psicologia: UNB, 2004. (Série: Textos de Psicologia Ambiental, n. 23).
INGOLD, T. Estar vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.
INGOLD, T. Da transmissão de representações à educação da atenção. Educação, Porto Alegre, v. 33, n. 1, p. 6-25, jan./abr. 2010.
INGOLD, T. The perception of the environment: essays on livelihood, dwelling and skill. London: Routledge, 2000.
KRINSKY, C. H. Contemporary Native American architecture: cultural regeneration and creativity. New York: Oxford University Press, 1996.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 2012.
MALNAR, J. M.; VODVARKA, F. New architecture on indigenous lands. Minneapolis: University of Minnesota, 2013.
MBYÁ Guarani - Guerreiros da Liberdade. Documentário. Direção: Charles Cesconetto, 2004, 55 minutos.
MINAYO, M.C.S. Trabalho de campo: contexto de observação, interação e descoberta. In: MINAYO, M.C.S. (Org.); DESLANDES, S.F.; GOMES, R. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015. p. 61-78. (Coleção Temas Sociais).
OLIVEIRA, R. C. O trabalho do antropólogo: olhar, ouvir, escrever. In: OLIVEIRA, R. C. O trabalho do antropólogo. Brasília: Paralelo Quinze; São Paulo: Editora da Unesp, 1998. p. 17-35.
POL, E. La apropiación del espacio. In: INIGUEZ, Lupicínio; POL, Enric (Org.). Cognición, representación y apropiación del espacio. Barcelona: Universitat Barcelona Publicacions, 1996. p. 45-60.
RAPOPORT, A. Cultura, arquitectura y diseño. Barcelona: Edicions UPC, 2003. (Coleção Arquitectonics. Mind, Land & Society).
RAPOPORT, A. Development, culture change and supportive design. Habitat International,[S.l.], v. 7, n 5/6, p. 249-68, 1983.
RAPOPORT, A. Hechos y modelos. In: BROADBENT, G. Metodología del diseño arquitectónico. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1971. p. 297-323.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1985.
SÁ, C. Projetos arquitetônicos para comunidades indígenas. In: Vivienda rural y calidad de vida en los asentamientos rurales. Memoria del IV Seminario Iberoamericano. Red XIV- E. Puerto Montt, CH: CYTED/HABYTED,2002.
SANTOS, S. C. Organização e atividades de assistência governamental aos índios. In: SANTOS, S. C. Educação e sociedades tribais. Porto Alegre: Movimento, 1975. p. 38-51.
SILVA, B. S. Arrematando o bordado, a escola indígena diferenciada. In: Seminário Infância Criança Indígena, 2., 2014. Anais [...]. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2014. Disponível em: https://infanciaindigena.files.wordpress.com/2014/10/arrematando-o-bordado-a-escola-indc3adgena-diferenciada-beatriz-sales-da-silva.pdf. Acesso em: 11 mar. 2015.
TASSINARI, A. M. I. A educação escolar indígena no contexto da antropologia brasileira. Ilha Revista de Antropologia, Florianópolis, v. 10, n. 1, p. 217-44, ago. 2008.
TASSINARI, A. M. I. Escola indígena: novos horizontes teóricos, novas fronteiras da educação. In: SILVA, A. L.; FERREIRA, M. K. L. (Org.). Antropologia, história e educação: a questão indígena e a escola. São Paulo: Global, 2001.
UNWIN, S. A análise da arquitetura. Tradução técnica Alexandre Salvaterra. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
ZANIN, N. Z. Dinâmicas culturais indígenas e suas relações com lugares de identificação. Cadernos NAUI, Florianópolis, v. 5, n. 8, p. 1-24, jan./jun. 2016.
ZANIN, N. Z. Abrigo na natureza: construção Mbyá-Guarani, sustentabilidade e intervenções externas. 2006. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais.