Plantas medicinais em quintais periurbanos: espaços de valorização da biodiversidade em São Miguel do Guamá, Pará
DOI:
https://doi.org/10.20435/inter.v24i2.3490Palavras-chave:
Amazônia, comunidades, etnobotânica, saberes tradicionaisResumo
Mesmo com o avanço crescente nos estudos etnobotânicos, ainda é incipiente a quantidade de dados que inventariam os usos e saberes associados à biodiversidade das plantas medicinais existentes em quintais urbanos e periurbanos da região amazônica. No presente artigo, objetivou-se realizar estudo das plantas medicinais em quintais rurais no município de São Miguel do Guamá, Pará, valorizando os saberes tradicionais e contribuindo para o conhecimento da biodiversidade local. Entrevistas semiestruturadas foram realizadas com 23 moradores, selecionados por amostragem não probabilística. Foram calculados o índice de importância (IVs) e a concordância quanto aos usos principais (CUP). Houve registro de 80 receitas medicinais, a partir do uso de 65 espécies. As famílias mais representativas foram Asteraceae, Euphorbiaceae e Lamiaceae. O índice de valor de importância foi atribuído a Melissa officinalis L. e à concordância de usos principais de Alternanthera sp., Melissa officinalis L., Plectranthus neochilus Schltr e Chenopodium ambrosioides L. Os maiores valores de concordância quanto aos usos principais corrigidos (CUPc) foram de Melissa officinalis L., Cymbopogon citratus (DC.) Stapf. e Alternanthera sp. Gripe, febre e diarreia foram os problemas de saúde mais prevalentes. A comunidade preserva costumes da medicina tradicional em atenção à saúde, e isso traduz-se no modo de vida dessas pessoas e na intensa circulação de plantas medicinais nos quintais.
Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA [ANVISA]. Medicamentos. Portal da Anvisa, Brasília, 2018. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/. Acesso em: 15 jan. 2018.
ALBUQUERQUE, Ulysses; HANAZAKI, Natália. As pesquisas etnodirigidos na descoberta de novos fármacos de interesse médico e farmacêutico: fragilidades e perspectivas. Revista Brasileira de Farmacognosia, Curitiba, v. 16, p. 678–89, 2006.
ALBUQUERQUE, Ulysses; LUCENA, Reinaldo; CUNHA, Luiz (Org.). Métodos e técnicas na pesquisa etnobiológica e etnoecológica. Recife: NUPPEA, 2010.
AMOROZO, Maria Christina; GÉLY, Anne. Uso de plantas medicinais por caboclos do Baixo Amazonas. Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi, Belém, v. 4, n. 1, p. 47–131, 1988.
BYG, Anja; BALSLEV, Henrik. Traditional knowledge of Dypsis fibrosa (Arecaceae) in eastern Madagascar. Economic Botany, California, v. 55, n. 2, p. 263–275, 2001.
CARMO, Taiane; LUCAS, Flávia Cristina; LOBATO, Gerciene; GURGEL, Ely Simone. Plantas medicinais e ritualísticas comercializadas na feira da 25 de setembro, Belém, Pará. Enciclopédia Biosfera, Goiânia, v. 11 n. 21, p. 3440–60, 2015.
CARNIELLO, Maria Antonia; SILVA, Roberta; CRUZ, Maria Aparecida; GUARIM NETO, Germano. Quintais urbanos de Mirassol D’Oeste-MT, Brasil: uma abordagem etnobotânica. Acta Amazonica, Petrópolis, v. 40, n. 3. p. 451–70, 2010.
COELHO, Maria de Fatima; LEAL, Caio César; OLIVEIRA, Fabrícia; NOGUEIRA, Narjara Walessa; FREITAS, Rômulo Magno. Levantamento etnobotânico das espécies vegetais em quintais de bairro na cidade de Mossoró, Rio Grande do Norte. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, Pombal, v. 11, n. 4, p. 154–62, 2016.
CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE (CNS). Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. Trata de pesquisas em seres humanos e atualiza a resolução 196. Brasília, DF, 2012. Disponível em: http://www.conselho.saude.gov.br/web_comissoes/conep/index.html. Acesso em: 4 jan. 2021.
DINIZ, Raimundo. Relatório histórico antropológico da comunidade quilombola de produtores rurais ribeirinhos do canta galo. São Miguel do Guamá: [s.n.], 2013.
THE BRAZIL FLORA GROUP [BFG]. Reflora – plantas do Brasil: resgate histórico e herbário virtual para o conhecimento e conservação da flora brasileira. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2021. [Coleção Flora do Brasil 2020]. Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/. Acesso em: 14 dez. 2020.
GOIS, Maria Antônia; LUCAS, Flávia Cristina; COSTA, Jéssica Caroline; MOURA, Patrícia; LOBATO, Gerciene. Etnobotânica de espécies vegetais medicinais no tratamento de transtornos do sistema gastrointestinal. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v. 18, n. 2, p. 547–57, 2016.
GOMES, Gustavo; MEDEIROS, Carlos Alberto; GOMES, João Carlos; BARBIERI, Rosa. A crise paradigmática nas ciências de identificação de plantas e a valorização da etnobotânica. Revista Agrogeoambiental, Pouso Alegre, v. 9, n. 1, mar. 2017.
GONÇAVES, Janaína; LUCAS, Flávia Cristina. Agrobiodiversidade e etnoconhecimento em quintais de Abaetetuba, Pará, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 15, n. 3, p. 119–34, 2017.
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL E DA BIODIVERSIDADE [IDEFLOR-BIO]. Gestão Ambiental e Territorial da Terra Indígena Alto Rio Guamá: diagnóstico etnoambiental e etnozoneamento. Belém: Ideflor-Bio, 2018.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pará São Miguel do Guamá. Portal do IBGE, Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: http://cod.ibge.gov.br/4AO. Acesso em: 24 set. 2017.
MAIA, Sebastião. Plantas medicinais encontradas nos quintais urbanos de Ponta Porã região de fronteira. Caderno Magsul de Ciências Biológicas, Ponta Grossa, v. 5, n. 2, p. 24–7, 2017.
MOURA, Patricia; LUCAS, Flávia Cristina; TAVARES-MARTINS, Ana Cláudia; LOBATO, Gerciene; GURGEL, Ely Simone. Etnobotânica de chás terapêuticos em Rio Urubueua de Fátima, Abaetetuba – Pará, Brasil. Biotemas, Santa Catarina, v. 29, n. 2, p. 77–88, 29 jul. 2016.
NEW YORK BOTANICAL GARDEN [NYBG]. Nova Iorque, 1891. Disponível em: https://www.nybg.org. Acesso em: 14 dez. 2017.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE [OMS]. Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10). 8. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. 243 p.
RIBEIRO, Rafaela; GUARIM NETO, Germano. O universo das espécies vegetais da comunidade ribeirinha de passagem da conceição, várzea grande, MT, Brasil. Boletim do Grupo de Pesquisa da Flora, Vegetação e Etnobotânica, Várzea Grande, v. 1, n. 8, p.1–16, 2016.
ROCHA, Joyce; BOSCOLO, Odara; FERNANDES, Lúcia Regina. Etnobotânica: um instrumento para valorização e identificação de potenciais de proteção do conhecimento tradicional. Interações, Campo Grande, v. 16, n. 1, p. 67–74, 2015.
SALES JARDIM, Paloma Michelle (Org.). Plantas Medicinais e Fitoterápicos: guia rápido para a utilização de algumas espécies vegetais. 2. ed. Brasília: Universidade de Brasília, 2016.
SILVA, Paulo Henrique; OLIVEIRA, Ykaro Richard; DE ABREU, Maria Carolina. Uma abordagem etnobotânica acerca das plantas úteis cultivadas em quintais em uma comunidade rural do semiárido piauiense, Nordeste do Brasil. Journal of Environmental Analysis and Progress, Recife, v. 2, n. 2, p. 144–59, 2017.
SILVA, Thiago Freitas; DE OLIVEIRA, Alaíde Braga. Plantas leishmanicidas da Amazônia Brasileira uma revisão. Revista Fitos Eletrônica, Jacarepaguá, v. 10, n. 3, p. 339–63, 2017.
SILVA, Atanazio; ALBUQUERQUE, Ulisses; NASCIMENTO, Viviane. Técnicas para análise de dados etnobiológicos. In: ALBUQUERQUE, Ulisses; LUCENA, Reinaldo; CUNHA, Luiz (Org.). Métodos e técnicas na pesquisa etnobiológica e etnoecológica. Recife: NUPPEA, 2010. p. 187–206.
SILVA, Cristiane; PROENÇA, Carolyn. Uso e disponibilidade de recursos medicinais no município de Ouro Verde de Goiás, GO, Brasil. Acta Botanica Brasilica, Feira de Santana, v. 22, n. 2, p. 481–492, 2008.
SIVIERO, Amauri; DELUNARDO, Thiago Andrés; HAVERROTH, Moacir; OLIVEIRA, Luis Cláudio; MENDONÇA, Ângela Maria Silva. Cultivo de espécies alimentares em quintais urbanos de Rio Branco, Acre, Brasil. Acta Botanica Brasilica, Feira de Santana, v. 25, n. 3, p. 549–56, 2011.
SÃO MIGUEL DO GUAMÁ (Cidade). Secretaria de Agricultura. Relatório do diagnóstico da realidade do município de São Miguel do Guamá/PA. São Miguel do Guamá, 2016. Disponível em: http://www.saomigueldoguama.pa.gov.br/cidade/. Acesso em: 24 set. 2017.
THE PLANT LIST. A working list of all plant species, 2013. Disponível em: http://www.theplantlist.org/. Acesso em: 14 dez. 2017.
TROPICOS. Missouri Botanical Garden. Tropicos.org, [s.d.]. Disponível em: www.tropicos.org . Acesso em: 5 out. 2017.
TROTTER, Robert; LOGAN, Michael. Informant consensus: a new approach for identifying potentially effective medicinal plants. In: ETKIN, Nina L. (Edit.). Plants in indigenous medicine and diet: biobehavioral approachs. New York: Redgrave Publishing C, 1986. p. 91–112.
VEIGA JUNIOR, Valdir. Estudo do consumo de plantas medicinais na Região Centro-Norte do Estado do Rio de Janeiro: aceitação pelos profissionais de saúde e modo de uso pela população. Revista Brasileira de Farmacognosia, Manaus, v. 18, n. 2, p. 308–13, 2008.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Carlos Natham Machado de Souza, João Paulo de Jesus Silva, Janaira Almeida Santos, Flávia Cristina Araújo Lucas
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais.