Patrimônio cultural como identidade coletiva: o saber-fazer do doce pé de moleque em Piranguinho, MG
DOI:
https://doi.org/10.20435/inter.v23i1.2985Palavras-chave:
desenvolvimento local, economia da cultura, artefatos, saberes-fazeres, patrimônio cultural, identidade coletivaResumo
A reflexão proposta é sobre o processo de formação da identidade coletiva a partir do saber-fazer do doce pé de moleque, patrimônio cultural do município de Piranguinho, na microrregião de Itajubá, sul do Estado de Minas Gerais. No aspecto cultural, o município se caracteriza por contar com a produção e venda do doce pé de moleque, sendo que as significações se apresentam constituídas em torno do artefato, as quais influenciam na mentalidade, organização da identidade e nas escolhas de caminhos de desenvolvimento. Dessa perspectiva, justificamos nossa participação no debate sobre desenvolvimento regional-local, considerando as estratégias adotadas em municípios de pequeno porte. Portanto, objetivamos compreender o saber e o fazer do pé de moleque enquanto um elemento de contribuição ao desenvolvimento, sem perder de horizonte a história e as composições que suportam a ideia de local. Utilizamos os recursos da pesquisa de campo, por meio de entrevistas semiestruturadas, as quais realizamos no período de setembro a dezembro de 2019. Os resultados alcançados demonstram que a cultura e a identidade na dinâmica do lugar se expressam também por meio da construção do doce de pé de moleque como patrimônio cultural, formando a identidade coletiva e se implicando com as questões do desenvolvimento da microrregião de Itajubá.
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