Desenvolvimento rural no Sertão do São Francisco, Bahia: uma interpretação a partir de trajetórias de famílias agricultoras do território
DOI:
https://doi.org/10.20435/inter.v22i1.2856Palavras-chave:
agricultura familiar, comunidades tradicionais de fundo de pasto, segurança alimentar, inovações., desenvolvimento regionalResumo
O artigo aborda as trajetórias de famílias agricultoras de áreas rurais dos municípios de Juazeiro, Casa Nova, Campo Alegre de Lourdes e Remanso, no território Sertão do São Francisco, semiárido da Bahia. Tem como objetivo interpretar os processos de desenvolvimento rural no território com base em resultados de inovações incorporadas pelas famílias a partir da interação em redes de aprendizagem mobilizadas por organizações não governamentais e do acesso a um conjunto de políticas públicas. Foi utilizado o método Lume de análise econômico-ecológica de agroecossistemas. Na história recente, este território foi beneficiário de diversas políticas de enfrentamento da pobreza e da fome nos marcos dos programas Fome Zero e Brasil sem Miséria, com ações direcionadas à agricultura familiar. A incidência de políticas abrangentes de desenvolvimento territorial operacionalizadas por institucionalidades inovadoras é outra característica que chama atenção. Um conjunto expressivo de inovações foi incorporado aos agroecossistemas, para o qual contribuíram as políticas públicas do período democrático e, fundamentalmente, o capital social do território, fruto das mobilizações do campesinato e das organizações que os assessoram. As trajetórias das famílias analisadas mostram como a produção de alimentos para o autoconsumo das famílias, para alimentar as relações de reciprocidade com as doações e trocas e para a comercialização em uma grande diversidade de mercados do território, ao mesmo tempo que fortalece a luta das famílias por autonomia, contribui para reunir forças sociais ativas na construção de alternativas de desenvolvimento rural orientadas pelo fortalecimento da agricultura familiar e da soberania alimentar do território.
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