Pierre Hadot e Marco Aurélio: da leitura à atualização
DOI:
https://doi.org/10.20435/multi.v26i62.2625Palavras-chave:
diário de campo, subjetividade, Filosofia como modo de vidaResumo
O texto que segue é uma exploração dos escritos de Pierre Hadot sobre Marco Aurélio, sobretudo os Diários, objetivando delinear os temas mais salientes acerca de vivências complexas para os seres humanos, mostrando como os dois autores as relacionam. O trabalho persegue a metodologia do ensaio documental. A experiência de diário de campo surge como uma perspectiva para apresentar a percepção do cotidiano e seus pequenos desafios como o berço das perguntas filosóficas. Na tessitura do texto, aparece Marco Aurélio como personagem que atravessa o pessimismo e o otimismo com os hinos à beleza da natureza, mediando as suas reflexões com intuições e princípios estoicos. Apresentamos, assim, a reflexão como uma modalidade da liberdade daquele que já alcançou a indiferença, entendida na perspectiva estoica como a superação das altercações históricas com a indeterminação, para além das mutações situacionais que não esperava viver. De fato, o filósofo autônomo vive as mutações e se realiza sem deixar-se apreender pela prisão da vontade, mas experimenta e comunica a simetria entre as experiências que se oferecem e sucedem, qualificando a vida humana do início ao fim. Esta proposta coloca-se diante da possibilidade de abraçar a transitoriedade, cultivando o bem viver e o cuidado de si, num mundo que parece esquecido do valor da pessoa humana.
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