Vida e morte na cultura Guarani/Kaiowá
Resumo
O estado de Mato Grosso do Sul possui a segunda maior nação indígena do Brasil, com 45259 índios, de acordo com o último censo divulgado pela Fundação Nacional do Índio (1995), sendo que cerca de 25000 pertencem à nação Guarani/Kaiowá. Pesquisadores antropólogos e órgãos oficiais informam que ocorreram 228 suicídios nessa nação, nos últimos anos, com um aumento a partir da década de 80, sendo que em 1995 chegou-se a um número elevado de 54 pessoas. As tentativas não consumadas de suicídio não foram porém registradas. A maioria dos suicidas são homens, 54.2%, sendo que em cada quatro suicidas, três têm menos de 25 anos. O método mais freqüente é o enforcamento. No presente trabalho apresentamos conclusões de estudos referentes às causas do problema, destacando-se a concepção de feitiço, com implicações nos conceitos de instinto devida e de morte, inconsciente coletivo e sugestão. Também o processo de confinamento compulsório ao qual o grupo foi submetido até 1980, com super população das aldeias, imposição de crenças, valores e lideranças estranhos à sua cultura são citados como fatores causais. Sugerimos, além da revisão urgente da política governalmental em relação às terras indígenas, uma retomada da identidade étnica comoforma de afirmação e reorganização do grupo Guarani/Kaiowá.Referências
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