Alterações na temperatura de superfície em áreas de expansão do agronegócio sobre um território quilombola no Tocantins

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/inter.v24i3.3795

Palavras-chave:

comunidades tradicionais, alteração microclimática, geotecnologias, temperatura de superfície, agronegócio

Resumo

A presente pesquisa busca estudar mudanças ambientais em virtude do avanço do agronegócio sobre o território da Comunidade Quilombola Morro de São João (CQMSJ), no Estado do Tocantins, e suas repercussões sobre as temperaturas de superfície. A agricultura comercial em larga escala, em alguns casos, desconsidera em sua prática os impactos que causam às comunidades tradicionais que vivem no entorno de grandes empreendimentos agrícolas. A comunidade percebe ter vivenciado diversas alterações ambientais em seu entorno, em razão da substituição da vegetação nativa por lavouras comerciais, no local que antes fazia parte de seu território original. Os procedimentos metodológicos se basearam no uso de geotecnologias para estudos de temáticas relacionadas ao clima. Para isso, estimou-se a temperatura de superfície terrestre (TST) sobre o território que abrange a CQMSJ na estação seca de inverno e na estação chuvosa de primavera, por meio de imagens de satélite da série Landsat 7 e 8, em cenários de observação de 1999/2000 e de 2019/2020, referentes a dois momentos: respectivamente, anterior e posterior à expansão agrícola na área de estudo. Os resultados indicam que houve uma variação da temperatura de superfície associada, principalmente, às mudanças ou alterações no uso e na ocupação da terra. O aumento de TST se deu de forma mais expressiva em áreas que atualmente são destinadas para a produção agrícola nos moldes do agronegócio. Os resultados sinalizam para prováveis consequências da exploração intensiva desse território tradicional inserido no bioma Cerrado, em especial quanto aos seus aspectos microclimáticos, com possíveis implicações sobre a vida de uma comunidade quilombola.

Biografia do Autor

Ana Maria Meneses Ferraz, Universidade Federal do Tocantins (UFT), Palmas, Tocantins, Brasil.

Mestra em Ciências Ambientais pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). Pós-graduada em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Faculdade Unyleya. Bacharel em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/Ulbra).  Supervisora de infraestrutura escolar na Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Lazer (SEMEC) em Redenção, PA.

Érika Gonçalves Pires, Instituto Federal do Tocantins (IFTO), Palmas, Tocantins, Brasil.

Doutora em Geografia pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Mestre em Ciências do Ambiente pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). Pós-graduada em Planejamento e Gestão Ambiental pela UFT. Técnica em Agrimensura e graduada em Geoprocessamento pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG). É professora efetiva do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO). Atualmente, é membro do Comitê Científico do IFTO-Palmas.

Lucas Barbosa e Souza, Universidade Federal do Tocantins (UFT), Palmas, Tocantins, Brasil.

Pós-doutor em Geografia pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Doutor e mestre em Geografia (Análise da Informação Espacial) pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Rio Claro. Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Professor associado da Universidade Federal do Tocantins (UFT), no Curso de Geografia e nos Programas de Pós-Graduação em Geografia (campus de Porto Nacional) e em Ciências do Ambiente (campus de Palmas).

Referências

ABENTROTH, N. K. C. S. Comunidade Quilombola Morro de São João no município de Santa Rosa do Tocantins: memórias e territórios. 2020. 120 f. Dissertação (Mestrado) – Geografia, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal do Tocantins, Porto Nacional, 2020. Disponível em: https://repositorio.uft.edu.br/handle/11612/2059. Acesso em: 12 ago. 2020.

ARANTES, A. E.; SOUSA, S. B.; SOARES, G. S. C.; FERREIRA, L. G. Análise da temperatura da superfície terrestre e índice de vegetação SAVI para o município de Goiânia, 2009. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO – SBSR, 16., Foz do Iguaçu, 13 a 18 de abril de 2013. Anais [...]. Foz do Iguaçu: INPE, 2013. Disponível em: http://marte2.sid.inpe.br/col/dpi.inpe.br/ marte2/2013/05.28.23.06.34/doc/p0199.pdf. Acesso em: 14 ago. 2022.

CASTILHO, D.; CHAVEIRO, E. F. Por uma análise territorial do Cerrado. In: PELÁ, M.; CASTILHO, D. (Org.). Cerrados: perspectivas e olhares. Goiânia: Editora Vieira, 2010. p. 35-50.

CASTRO, C. S.; SOUZA, L. B. Alterações microclimáticas e perfil térmico no Território Quilombola Morro de São João, Tocantins. Geografia Ensino & Pesquisa, Santa Maria, v. 26, e. 17, p. 1-30, 2022. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/geografia/article/view/64403. Acesso em: 23 ago. 2022.

CHAVEIRO, E. F. A urbanização do cerrado: espaços indomáveis, espaços deprimidos., Revista UFG, Goiânia, ano XII, n. 9 [Dossiê Cerrado], p. 26-30, dez. 2010. Disponível em: https://revistas.ufg.br/revistaufg/article/view/48318. Acesso em: 23 ago. 2022.

CLETO, E. A. T. Resiliência e reconhecimento em neocomunidades: o caso da comunidade quilombola morro de São João-TO. 2015. 211f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional) – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional, Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2015. Disponível em: https://repositorio.uft.edu.br/handle/11612/188. Acesso em: 19 ago. 2021.

MARKHAM, B. L.; BARKER, J. L. Landsat MSS and TM Post – calibration dynamic rangers, exoatmospheric reflectance and At-satellite temperatures. EOSAT Landsat Tech., p. 3-8, ago. 1986.

NASCIMENTO, D. T. F. ; NOVAIS, G. T. Clima do cerrado: dinâmica e características, variabilidades e tipologias climáticas. Élisée, Anápolis, v. 9, p. 1-39, 2020. Disponível em: https://www.revista.ueg.br/index.php/elisee/article/view/10854. Acesso em: 14 maio 2021.

PEREIRA, A. R.; ANGELOCCI, L. R.; SENTELHAS, P. C. Agrometeorologia: fundamentos e aplicações práticas. [Apostila]. Piracicaba: USP/ESALQ, 2007. 192 p. Disponível: https://www.researchgate.net/publication/285651687. Acesso em: 2 set. 2021.

RIBEIRO, J. F.; WALTER, B. M. T. Fitofisionomias do bioma Cerrado. In: SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P. (Org.). Cerrado: ambiente e flora. Brasília, DF: Embrapa Cerrados,1998. p. 87-166

SOUZA, L. B.; CHAVEIRO, E. F. Território, ambiente e modos de vida: conflito entre o agronegócio e a comunidade quilombola de Morro de São João, Tocantins. Sociedade e Natureza, Uberlândia, v. 31, p. 1-26, 2019. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/sociedadenatureza/article/view/42482. Acesso em: 23 ago. 2022.

SOUZA, A. F. G.; BRANDÃO, C. R. Ser e viver enquanto comunidades tradicionais. Mercator, Fortaleza, v. 11, p. 109-20, 2012. Disponível em: http://www.mercator.ufc.br/mercator/article/view/724. Acesso em: 23 ago. 2022.

TOCANTINS (Estado). Secretaria da Fazenda e Planejamento. Superintendência de Planejamento Governamental. Diretoria de Gestão de Informações Territoriais e Socioeconômicas. Gerência de Zoneamento Territorial. Projeto de Desenvolvimento Regional Integrado e Sustentável. Elaboração das Cartas Climáticas do Estado do Tocantins. Palmas, SEFAZ/GZT, 2020. 464 p. (Série Tocantins/Recursos Naturais/Cartas Climáticas – v. 1). Disponível em: https://central3.to.gov.br/arquivo/539105/. Acesso em: 23 ago. 2022.

UNITED STATES GEOLOGICAL SURVEY [USGS]. Landsat Missions. Portal USGS, Reston, 2021. Disponível em: https://www.usgs.gov/land-resources/nli/landsat/. Acesso em: 7 set. 2021.

VAN DE GRIEND, A. A.; OWEN, M. On the relationship between thermal emissivity and the normalized difference vegetation index for natural surfaces. International Journal of Remote Sensing, Londres, v. 14, p. 1119-31, 1993. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/01431169308904400. Acesso em: 23 ago. 2022.

Downloads

Publicado

2023-10-20

Como Citar

Ferraz, A. M. M. ., Pires, Érika G. ., & Barbosa e Souza, L. (2023). Alterações na temperatura de superfície em áreas de expansão do agronegócio sobre um território quilombola no Tocantins. Interações (Campo Grande), 24(3), 975–989. https://doi.org/10.20435/inter.v24i3.3795